António Pedro (1909-1966), Aparelho Metafisico de Meditação, madeira, plástico e latão cromado, 1935.
A modernidade procurou uma especificidade dos elementos plásticos não submetidos a uma representação mimética, desenvolvendo assim uma pesquisa tendencialmente abstracta. Sem um dependência da realidade empírica do mundo, o objecto artístico conquista a sua autonomia e institui-se como um discurso sobre a essência do medium. A forma sublimada atinge a ideia pura. No entanto, o facto desta essência ser considerada a partir das suas propriedades fisicas acabou por, num período limite da própria modernidade, produzir uma objectualização das formas que se desagregam do todo, anulam radicalmente a dicotomia figura/fundo e como tal recusam a sublimação em ideia para assumirem uma materialidade plena.
Na sequência destas preocupações outros artistas têm vindo a interrogar a redução da forma à sua presença física e, num sentido mais amplo, à ideia. A procura de uma desestabilização da forma relativamente a qualquer regra ou juízo prévios constitui aquela como singularidade sobre o conhecimento.
(Texto não assinado e exposto em Meio Século de Arte Portuguesa 1944-2004, no Museu do Chiado, Lisboa, 2004.)