quarta-feira, 3 de outubro de 2012

Exercicio 1

Uma «pintura» vista onde menos se espera.
Qualquer descrição literária é uma vista
(Roland Barthes (1970) S/Z, Lisboa: Edições 70, 1980)

O mapa e o Território é uma obra literária de Michel Houellebecq, sobre o artista Jed Martin:
Jeff Koons acabava de se levantar do seu lugar, de braços estendidos para a frente num impulso de entusiasmo. Sentado diante dele num sofá de cabedal branco parcialmente coberto de panos de seda, um pouco encolhido, Damien Hirst parecia prestes a soltar uma objecção; tinha um rosto rubicundo, melancólico. Estavam ambos vestidos de preto – o fato de Koons tinha riscas estreitas -, com camisa branca e gravata preta. Entre os dois homens, numa mesa baixa, havia um cesto de frutas cristalizadas a que nem um nem outro prestavam qualquer atenção; Hirst estava bebendo uma Budweiser Light.
Atrás deles, um vão envidraçado dava para uma paisagem de prédios altos que compunham um enredado babilónico de gigantescos polígonos até aos confins do horizonte; a noite estava luminosa, o ar de uma limpidez absoluta. Dir-se-ia que se estava no Qatar ou no Dubai; na verdade, a decoração da sala inspirava-se numa fotografia publicitária do hotel Emirates de Abu Dhabi, retirada de uma publicação de luxo alemã.
A testa de Jeff Koons estava ligeiramente luzidia; Jed esbateu-a com o esfuminho e recuou três passos. Decididamente, havia um problema com Koons. No fundo, Hirst era fácil de apanhar: era possível fazê-lo brutal, cínico, do tipo «cago-me para vocês do alto da minha grana»; ou podia-se torná-lo artista revoltado (sem deixar de ser rico), autor de uma obra angustiada acerca da morte…. (Michel Houellebcq, O Mapa e o Território, Lisboa, Alfaguara, 2012, p.9)
 
Seguir as indicações de acordo com a ficha distribuida na aula. Entregar no dia 29 de Outubro, impresso em papel (na aula ou no cacifo) e por email: goyapintor@gmail.com.
2 de Outubro de 2012

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