quarta-feira, 7 de janeiro de 2009

Falemos apenas de pintura (I)

Texto de Carlos Vidal publicado no 5dias.net em 24 de Novembro de 2008:
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Sobre a composição em pintura devemos ler Leon Battista Alberti, mas antes de tudo Plínio o Velho, que nos falava da importância da obra inacabada. A obra inacabada não corresponde à obra sem estrutura (sem composição, concretamente), mas se sentirmos esse inacabamento como uma força expressiva, podemos passar para um entendimento crítico da ideia de composição. Parece-me evidente. Aliás, não era por acaso que Petrarca falava do inacabamento como um tipo de astúcia: a obra inacabada dava oportunidade ao artista de a alterar segundo o gosto do público, espectador ou cliente (porque não?). O termo “compositio” vem, sabe-se, de Vitrúvio (que o aplicava à arquitectura) e de Cícero (aplicava-a ao corpo humano). Mas foi Alberti, no Livro II de “De Pictura”, quem estabeleceu o seu uso na pintura: distribuição dos elementos de forma a produzir sentido numa superfície plana. Esta definição assim abrangente, curiosamente, vai interessar à arte moderna, concretamente à arte posterior ao Impressionismo, que devemos entender como produção auto-reflexiva e predominantemente formal. Produção que se tem a si como o seu conteúdo, ou que vê nos seus meios (no seu ”medium”) o seu significado. Greenberg, como se sabe, falava da pintura como expressão “pura” da planitude. Portanto, o século XX não destituiu a ideia de composição, antes a reforçou... (
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